segunda-feira, 17 de março de 2014

As margem do Ribeirão Vermelho com João Maria da Silva n°21

  








O ALMOÇO DO REI


                   Após tomar um refrescante banho, e comer uma deliciosa janta, o nho Honório sentou-se em um banco em frente a casinha onde ele morava.
                   Era uma casinha simples, mas, embora não houvesse ali móveis bonitos, apenas aquele banco, e umas três ou quatro cadeiras trançadas de taboa, uma mesa rústica, e um catre com um colchão cheio de palha de milho, ali tinha o que para ele, era o mais importante: a paz, saúde, alegria e panelinha sempre cheia, por isso ele se dizia ser um homem feliz.
                   Em frente à sua casinha, havia um pequeno jardim, com algumas roseiras, lírios, palmas, além de uma carreira de onze horas, um terreiro muito limpo e , do lado uma horta com uns pés de couve, alface e outras poucas verduras.
                   Estava ele a pitar seu cigarrinho de palha e a observar a beleza das estrelas no céu, quando ouviu um murmúrio, e logo deduziu que eram seus amiguinhos que vinham pedir que contasse mais uma história.
                   Realmente, logo chegaram os meninos e foram cobrando: “O senhor falou que após o jantar contaria uma história e viemos ouvi-lo.”
-“Bem”, respondeu o Honório, “ hoje eu estou bem cansado, mas mesmo assim vou contar uma história que, servirá de exemplo para suas vidas.”
                    Era uma vez, um rei mandou chamar seu cozinheiro e lhe disse: “Amanhã para o almoço, quero que você faça a melhor coisa do mundo”.
                   E lá se foi o cozinheiro, providenciar o necessário para aprontar o almoço real.
                   No outro dia, ao sentar –se à mesa com seus ministros, o rei espantou-se com o que seu cozinheiro havia preparado, língua assada, língua cozida, língua frita, língua ensopada e vários modos de preparar a língua, muito irritado mandou um guarda buscar o cozinheiro para que se explicasse , já pensando em mandar açoitá-lo por tamanha afronta.
                   Ao chegar ao salão real, o cozinheiro ao ser questionado por ter feito aquilo respondeu:
-Vossa majestade mandou-me fazer a melhor coisa do mundo e a língua: que reza, que dá bons conselhos, que só fala coisas boas, que sente o sabor dos alimentos, que canta na igreja, que serve para elogiar, que pronuncia palavras de alento e conforto aos tristes e aos desesperados, enfim, que louva a Deus e suas obras?
 - “E”, respondeu o monarca, “nisso você tem razão, agora, quero que amanhã, você faça a pior coisa do mundo, viu?.”
                   No outro dia, o rei estava curioso para ver o que seu cozinheiro faria para o almoço, estava tão ansioso que parecia que as horas não passavam, até que enfim foi avisado que a mesa estava posta.
                   Qual não foi a sua surpresa ao ver os componentes da refeição: língua cozida, língua assada, linha ensopada, língua refogada, língua frita etc...
                   Muito bravo, mandou buscar o cozinheiro , hoje ele seria castigado, pois era muito insolência brincar com o rei daquela maneira.
                   Ao entrar na sala, o cozinheiro após curvar-se ante sua majestade, logo ouviu a repriminda.
- Ontem eu pedi a melhor coisa do mundo e você fez só línguas e ainda se justificou a melhor coisa é uma língua que reza, que faz isso, que faz aquilo, e eu lhe perdoei mas agora eu peço a pior coisa do mundo e você faz essa linguarada toda? Se você não se explicar, sua cabeça vai rolar, viu?
- Calma , calma majestade, o senhor já viu pior coisa do mundo, do que uma língua que só fala maldição, que levanta falso dos outros, que só diz palavrões, que calunia, que fala impropérios, que conta piada indecorosas, que pronuncia heresias, enfim que só serve para coisas más.?
- “É”, respondeu o rei, “Mais uma vez você escapou, mas faça uma comida boa para eu comer, que já não posso nem ver língua na minha frente”.
- “ Como vocês viram” continuou o Honório, “ Tomem cuidado com o que vocês vão falar, pois uma palavra pode tanto ajudar, como também pode até destruir uma vida”.
                   Então um dos meninos perguntou -”Onde o senhor aprendeu estas histórias linas?”.
- “Aprendi nos livros”, respondeu o velhinho por isso é importante vocês irem à escola, respeitarem os professores e os colegas, prestarem atenção na aula para aprender bem, para terem mais facilidade na vida.
-É, agora, vocês vão pra casa, pois já é hora de dormir e eu estou muito cansado, amanhã tem mais!.





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