domingo, 2 de março de 2014

As margem do Ribeirão Vermelho n°18 com J. M. da Silva

O GOLPE DO PRAXEDES




                   A venda do Zé Bernardo, localizada às margens da estrada Riversul a Itararé, estava lotada de fregueses.
                   Uns davam um tapa no beiço, outros molhavam a palavra, outros tomavam uma birita , outros davam uma chasqueada, cujo significado era um só beber uma dose de pinga.
                   Enquanto todos conversavam, estacionou em frente a venda, um caminhão Ford f.600, verde, com placas de Tatuí, cujo dono Paulo claro, desceu do veículo e como já era bastante conhecido, pois sempre vinha comprar feijão e milho dos agricultores locais, foi bem recebido pelos presentes, e após os cumprimentos começaram as brincadeira e gozações.
                   Logo em seguida, o Paulo pergunto aos presentes se alguém ali tinha feijão para vender, e caso alguém tivesse, queria saber o preço e a qualidade do produto, para ver se dava negócio.
                   Após alguns darem informações, levantou-se o Praxedes Campos, irmão do Jesuis campos e do Chico Campos, aproximando-se do Paulo foi logo falando com sua gramática enganosa.
                   _ Olha meu senhor, se o senhor realmente interessar, eu tenho mais ou menos uns trinta e poucos sacos de feijão Rosinha, tão bom, que parece olhos de passarinho, tudo bem abanado e bem sequinho.
                   _ “Eu interesso sim”, respondeu o comprador “Qual é o seu preço e onde fica o feijão?”
                   _ “Bem o preço é fácil de combinar” respondeu o Praxedes, e local não fica muito longe, é ali perto dos Varela, pra frente um pouco do Neno Assis”.
                   _ “Podemos ir lá agora? “falou o Paulo.
                   _ Claro, meu senhor podemos ir já, é só eu comprar umas coisinhas aqui na venda e já vamos!
                   E lá se foram, o Paulo Claro e o Praxedes bem instalado no banco do caminhão, e pelo caminho ele ia explicando.
                   _ Aqui mora o senhor Waldomiro, um ótimo acordionista, ali mora o senhor João, filho do Waldomiro, esta lavoura aqui é dele.!
                   _ Ali é o senhor Acácio, dizem que tem bastante dinheiro guardado, até libra esterlina, e é solteiro apesar de idoso.
                   _ Este é o bairro do João Amâncio, moram ele e seus filhos e netos e são plantadores de  cebola e batatinha.
                   Ali é o pessoal do Guerra lá é a família do Pedro Araújo, acolá é o Neno Assis...
                   E assim foram rodando estrada a fora até que o motorista reclamou:
                   _ Puxa vida, já  andamos bastante, falta muito ainda? Será que o seu quilometro é mais estreito e mais comprido?
                   _ “Não senhor” respondeu o Praxedes . “Já estamos quase chegando, ali naquele matinho, o senhor faz o favor de dar uma paradinha, que estou com uma dorzinha de barriga”, continuou o Praxedes “só vou dar uma descarregadinha, e nós já vamos imbora, que logo ali na frente é minha morada”.
                   O Paulo freiou o caminhão, o Praxedes desceu, e levando sua sacola de compras ele adentrou no mato, onde segundo ele, iria defecar.
                   O motorista, esperou pacientemente, dez, quinze minutos, até que estranhando a demora comentou consigo mesmo.
                   _ Será que o caipora morreu no mato, ou ta com  o trôço intalado, que não vem logo?.
                   _ Em quanto isso, o Praxedes que havia, atravessado o capão de mato, e estava bem acomodado em seu rancho, que ficava logo atrás do mato, e de lá ouvindo a buzina do caminhão a chamá-lo, falou:
                   _ “A hora que o tontão  cansar de esperar ele vai embora!
                   Realmente, após esperar mais um pouco, o  Paulo claro funcionou o caminhão e partiu de volta rumo a venda do Zé Bernardo que distanciava dali à uns sete quilômetros.
                   Chegando à venda, e contando o que havia acontecido, ouviu um coro de gargalhadas e o dono da venda completou!
                   _ Eu, tinha certeza que o Praxedes queria que você levasse  ele de graça, pois eu sabia que ele não tinha feijão pra vender, pois ele não planta nada, ele não trabalha, não passa de um baita vadiu!.
                   E o Paulo, remoendo de raiva, resmungou:
                   _ “Se eu pegar esse caipora, ele vai ver o que é bom pra tosse”.




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